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Esportes

Na íntegra!

De volta para casa

Ex-zagueiro da seleção brasileira e pentacampeão mundial, o jogador Lúcio fala sobre o início da carreira no Distrito Federal e o retorno aos gramados brasilienses

Você tem vasta experiência no futebol e passagens por diversas ligas ao longo de sua carreira. Baseado nisso, vocês acredita que falta investimento nas ligas em Brasília?

Sem dúvida, investimento falta sim, mas eu acho que os investimentos também tem que ser melhor aproveitados pelos clubes, sendo mais profissionais, sendo mais exigentes, para que o futebol cresça em Brasília. E claro, também necessita de clubes em séries melhores. Hoje dois clubes jogam a série D, com profissionalismo, com competência, e claro, o principal também, que é o investimento, o futebol de Brasília tem grandes chances de crescer no cenário nacional.

 

Você começou sua carreira em clubes aqui de Brasília, Planaltina, Guará, foi muito novo para o Internacional, ganhou vários títulos internacionais, um jogador consagrado. O que te motivou a terminar sua carreira aqui no DF?

O primeiro motivo sempre deixei bem claro, que é amor ao futebol, gratidão a tudo que o futebol me ofereceu e me deu oportunidade de sair de Planaltina e girar o mundo, inúmeros títulos, e ficar marcado no futebol, tanto brasileiro, quanto mundial. Gratidão também à Brasília, aos clubes que passei, minha família, tudo isso se engloba na questão da gratidão. É claro, o principal é gratidão ao dom que Deus me deu e ter me mantido bem e com saúde até hoje.

 

Quais foram os desafios que você teve que enfrentar no início da sua carreira em Brasília?

As dificuldades foram as de uma família bem humilde, meu pai e minha mãe não tinham condição de me levar nas escolinhas para poder participar de projetos de futebol como hoje, que é mais comum e bem mais fácil. Então as dificuldades eram muitas: não ter a visibilidade que os jogadores de time menores tem hoje pelo fato da internet e de canais de redes sociais, onde podem ser divulgados esses materiais. Então a gente tinha dificuldades de ser vistos pelos grandes clubes, e assim não ter as oportunidades que os jogadores dessa geração possuem.

 

O que pode ser feito para a estrutura e o nível do futebol brasiliense possam crescer?

O futebol de Brasília precisa se tornar mais profissional e mais organizado, valorizar mais seus jogadores. Os clubes, juntamente com a organização, têm o dever de proporcionar o melhor aos jogadores para que eles possam se desempenhar melhor. A cidade está muito abaixo em termos de estrutura, mas temos potencial e temos uma grande referência, o Mané Garrincha, que precisa ser mais aproveitado.

 

Como é ter atuado em ligas importantes do mundo, em grandes times mundiais e retornar para o Brasil, para Brasília e atuar no Gama e no Brasiliense? Quais as diferenças que você conseguiu perceber, as dificuldades, como foi essa experiência?

 

É uma experiência bem diferente, principal dificuldade sem dúvida é a estrutura dos clubes. Mais estrutura profissional, organizada e de melhor condição para os jogadores até agora que eu vi foi do Brasiliense. Sem dúvida é muito longe dos clubes de ponta, lógico que Brasília, pela história e o estádio que tem, por ter tido jogos da Copa do Mundo e Olimpíadas sem dúvida, precisava e precisa de um clube em uma série de mais prestígio.

 

Qual sua expectativa e o que você espera receber em relação ao futebol tendo em vista toda sua carreira, de ter sido um jogador de seleção brasileira e participado de vária competições, inclusive copa do mundo?

 

Primeiro eu estou feliz em poder está fazendo o que eu sempre fiz e sempre sonhei, desde criança, que é jogar futebol profissionalmente. Espero poder ajudar tanto como meu clube, que é o Brasiliense, quanto ao esporte e o futebol. Brasília tem condições de desenvolver e criar grandes talentos dentro do futebol e do esporte, sem dúvidas eu posso ajudar e posso contribuir, essa é minha intenção e vontade: poder chamar atenção dos grandes centros para o futebol aqui em Brasília.

 

Quais foram as maiores dificuldades quando chegou na Alemanha?

 

Cheguei na Alemanha na metade da competição, na Europa, janeiro e fevereiro são meses frios então trouxe uma dificuldade grande, mas a maior dificuldade foi aprender a língua, como se comporta o alemão, as regras da cidade, do país e do clube, deixar a família em casa para ir aos jogos. Então os primeiro seis meses de adaptação foram difíceis, mas depois tive o reconhecimento dos clubes, graças a Deus.

 

Quando você surgiu para o futebol, na década de 1990, o futebol de Brasília vivia seu apogeu, com os clubes da capital figurando nas competições nacionais com frequência, a exemplo do Gama campeão brasileiro da Série B de 1998. Fazendo um paralelo com o panorama atual do futebol do DF, sem equipes nas divisões superiores e em competições de relevância nacional: você poderia apontar uma causa pela qual os clubes não conseguiram manter essa trajetória de crescimento?

 

Pra mim é difícil falar, até porque eu saí do Brasil em 2000, e só retornei em 2013 - para Brasília apenas em 2017. Mas acho que deveria ter investimento nos clubes, apoio da federação, para que os clubes conquistem espaço em divisões melhores, como a série C ou B, acho que aos poucos pode ir melhorando. E tem que ter paciência, os clubes tem que investir, e tem que ter paciência e resultado também por parte dos jogadores dentro do campo. Mas esse caminho não é fácil. Um planejamento a médio e longo prazo é necessário para que o futebol brasiliense possa retornar ao cenário nacional.

 

Você começou a sua carreira em Brasília. Como está sendo terminar no mesmo local?

Está sendo legal porque é minha cidade e é o que eu gosto de fazer. Eu acho que também serve como um apoio ao futebol, esporte, Brasília, que eu sempre quis contribuir. Eu acho que a minha passagem pelo futebol de Brasília, por mais que seja um momento de dificuldades dentro do futebol brasiliense. Eu acho que o importante é ter esperança que o futebol de Brasília possa melhorar. Claro que, dentro do possível, ajudar com experiência e tudo aquilo que já passei nos grandes clubes e com a seleção no mundo inteiro. Então, o que eu puder fazer para ajudar eu farei porque é uma cidade que sempre torceu por mim. É minha cidade, de onde eu vim, onde tudo começou na minha carreira.

 

Qual a sua mensagem para os jovens atletas brasilienses que estão entrando agora no esporte e querem ingressar no nível profissional?

 

A mensagem que eu deixo é a mensagem que eu vivi e a minha experiência própria, desde criança eu sempre sonhei em ser jogador de futebol, nunca desisti apesar das dificuldades. Eu acho que a perseverança, a luta, o sonho e principalmente Deus, em primeiro lugar, é o que faz nossos sonhos, com que as possibilidades sejam maiores. Eu sempre fui um jogador que desde criança me dedicava muito, mesmo fora dos horários de treinamento me dedicava muito a treinar, me empenhar, aperfeiçoar, então acho que a perseverança, a luta, a determinação e manter a chama do sonho acesa. Acho que essa é a grande possibilidade de você alcançar o seu sonho como aconteceu comigo. Comecei em Planaltina, não tinha condições nenhuma, mas ia pra rua correr, treinar, me aperfeiçoar, ficava depois dos treinamentos, chegava antes dos treinamentos, então é dedicação, acreditar nos seus sonhos, e claro, permanecer firme na fé e poder compartilhar, pedir ajuda de Deus, para que os sonhos possam se realizar, acho que é isso que faz que você possa sair de um lugar humilde, de uma cidade que não tem tradição no futebol e realize o seu sonho.

Por Rivan Junior, Pedro Teixeira, Jhonatan Luiz, Galbi Junior, Mariana Mendes, Elaine Rodrigues, Gabriel Marques, Gustavo Gomes e Guilherme Abarno.

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